sábado, 31 de julho de 2010

Análise crítica - Primeiras Estórias, Guimarães Rosa (Parte I)

Obra rosiana: um regionalismo universal/cósmico

Ainda que Guimarães Rosa retrate o sertão das Gerais - sul da Bahia, norte de Minas e norte e nordeste de Goiás - e a gente que ali vive, em particular matutos, vaqueiros, crianças, velhos, feiticeiros, loucos -, sua obra não prioriza questões regionais, mas universais.

O sertanejo vive um impasse existencial que pode ser vivido e/ou compreendido por qualquer um, em qualquer espaço. Segundo a crítica Nelly Novaes Coelho, a personagem de Rosa é um "homem organicamente integrado no universo, e vórtice (redemoinho) em que confluem forças contraditórias". Essa personagem passa por uma crise existencial profunda, ou por uma sucessão delas, que a faz rever o seu ser e estar no mundo e, ao mesmo tempo, confrontar-se com o universo concreto, com aquilo que lhe é externo.

Prisioneira desse processo, a personagem rosiana faz um questionamento profundo e constante do sentido das coisas, da validade de certos esforços, da legitimidade das normas sociais e daquilo que é correntemente aceito como verdadeiro.

Fonte: Clenir Bellezi de Oliveira.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Figuras de linguagem: IRONIA

CONCURSO PÚBLICO?! ENEM?! CONFIRA!




A ironia consiste em utilizar um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico e/ou humorístico:

Seu aproveitamento na escola não podia ter sido melhor: reprovado em apenas seis matérias.

Muitos autores têm feito uso da ironia como recurso estilístico. Às vezes, ela é bastante sutil e exige uma análise atenta do texto como um todo, para que se possa percebê-la. Veja, a propósito, os seguintes versos de Chico Buarque:

"A Rosa garante que é sempre minha
Quietinha, saiu pra comprar cigarro
Que sarro, trouxe umas coisas do Norte
Que sorte
Que sorte, voltou toda sorridente."

Fonte: Ernani Terra.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Questão comentada (Concurso)

(UNIR-RO) Acentuam-se pela mesma razão os vocábulos:

a) Ignácio - até
b) fantástico - histórias
c) tecnológicos - básico
d) vídeo - público
e) impossível - rápidas

__________

RESPOSTA: C

Alternativa A:
Ignácio [paroxítona (Ig--cio) terminada em ditongo crescente (Ig-ná-cio)] e até [oxítona terminada em e (a-)];

Alternativa B:
fantástico [proparoxítona (fan-tás-ti-co) / toda proparoxítona é acentuada] e histórias [paroxítona (his--rias) terminada em ditongo crescente seguido do s (his-tó-rias)];

Alternativa C:
tecnológicos e básico [ambas são proparoxítonas (tec-no--gi-cos / -si-co)];

Alternativa D:
vídeo [paroxítona (-deo) terminada em ditongo (ví-deo)] e público [proparoxítona (-bli-co)];

Alternativa E:
impossível [paroxítona terminada em l (im-pos--vel)] e rápidas [proparoxítona (-pi-das)].




Figuras de linguagem: CATACRESE

ENEM?! CONCURSO PÚBLICO?! CONFIRA!




É o emprego de palavras fora do seu significado real; entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se percebe que estão sendo empregadas em sentido figurado:

O pé da mesa estava quebrado.
Não deixe de colocar dois dentes de alho na comida.
Quando embarquei no avião, fui dominado pelo medo.

A catacrese ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro por empréstimo. Note que, por falta de uma palavra específica para designar o objeto que sustenta o tampo da mesa, tomamos por empréstimo a palavra e a usamos fora do seu sentido habitual. Verifique ainda que essa transposição tem por fundamento a vaga semelhança entre um conceito e outro. No caso de "dentes de alho", trata-se de uma semelhança de forma. O verbo embarcar, por outro lado, que originalmente designava o ingresso em barco, atualmente é empregado com referência a toda espécie de meio de transporte: metrô, avião, ônibus, etc.

Fonte: Ernani Terra.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Análise crítica - Cartas Chilenas

(Tomás Antônio Gonzaga - Cartas Chilenas)

Tomás e Vila Rica

A capitania (Vila Rica) era o centro de negociações do ouro e diamantes extraídos nas riquíssimas redondezas. Mas o ouro não era nosso, a política da Coroa portuguesa seguia uma única receita: tratar a colônia como a "vaca americana" - na famosa expressão de d. João IV - da qual era preciso arrancar a todo o custo o leite, o couro e os ossos. Como consequência de tanta exploração e espoliação, os minérios começavam a esgotar-se. Além do mais, era impossível fazer face aos impostos excessivos garroteados pelo insaciável fisco português.

A maior parte dos contribuintes de Vila Rica - ricos e médios - devia fortunas à Coroa. Somavam-se a esse abuso o alto preço da mão-de-obra escrava e dos instrumentos de mineração e, ainda, os altos donativos exigidos pelo clero.

O ambiente da capitania era extremamente tenso.

Configurava-se um estado de coisas que não podia continuar, sob pena de gerar um conflito aberto com as autoridades portuguesas. A 10 de outubro de 1783, o capitão-general Luís da Cunha Meneses assumia o governo. Seu autoritarismo e inúmeros desmandos iriam agravar a situação. O governador desrespeitava sistematicamente as decisões da Justiça sobre concessões de negócios e questões administrativas, decretava medidas ilegais, vendia cargos, títulos etc. Para sustentar-se no poder, valeu-se de um grupo de arrivistas e privilegiados. Militarizou o governo, aumentando exageradamente a tropa, e usou a força militar para a cobrança da taxa dos dízimos.


Tomás, Cunha Meneses e as Cartas

Gonzaga, em seu cargo de ouvidor, via com frequência suas decisões desrespeitadas. Reagiu com firmeza e opôs-se ao governador, contestando seus atos e protestando junto às autoridades superiores. Por fim, enviou um carta à rainha em que relatava o "notório despotismo" de Cunha Meneses.

Cauteloso, sem correr riscos desnecessários, fez que o poema circulasse clandestinamente. Atribuiu o poema a um autor chileno, também escondido sob o pseudônimo Critilo.

O nome Cartas chilenas deve-se ao artifício usado de situar os acontecimentos no Chile, embora a caracterização da cidade, dos acontecimentos e do governador fosse bastante óbvia.

O poema está dividido em treze cartas dirigidas pelo poeta Critilo a seu amigo Doroteu (Cláudio Manuel da Costa); das cartas 7ª e 13ª só ficaram fragmentos.

Cunha Meneses foi satirizado sob o pseudônimo Fanfarrão Minésio, e Joaquim Silvério dos Reis, que viria a delatar os inconfidentes, aparece como Silverino.

As Cartas começam com a narrativa da chegada do Fanfarrão Minésio ao Chile. Ainda na primeira carta, conta-se a posse do Fanfarrão e sua atitude prepotente, humilhando as outras autoridades:

"São estes, louco chefe, os sãos exemplos
Que, na Europa, te dão os homens grandess
Os mesmos reis não honram aos vassaloss
Deixam de ser, por isso, uns bons monarcass

Na segunda carta, os primeiros atos do governador são apresentados como demagógicos, caprichosos e arbitrários, tomando em suas mãos decisões que deviam caber à Justiça.

A partir da terceira carta, surgem em episódios sucessivos os atos de desmando, de desprezo e humilhação às outras autoridades e aos ilustres da terra, os favorecimentos ilícitos, o grupo de favoritos e privilegiados do poder, a corrupção.


As Cartas e o seu poder de crítica

Não há nada nas Cartas que corresponda a um sentimento de nacionalismo e rebeldia contra o domínio português ou contra o sistema de poder (segundo Duda Machado). Sua crítica dirige-se à violação da justiça constituída, ao abuso de poder, à corrupção palaciana e aos desmandos apoiados na militarização do governo ("Não há, não há distúrbio nesta terra / De que a mão militar não seja autora").

As Cartas têm um tom de realismo e de vigor de linguagem raros para a época, um tanto asfixiada pelas convenções e vagas generalidades do Arcadismo. Em vários trechos, a linguagem das Cartas traz a presença da paisagem física e social brasileira.

Manuel Bandeira sintetizou assim o alcance satírico do poema: "Aquela sociedade improvisada em pleno sertão pela cobiça do ouro, com seus desmandos de prepotência e sensualidade, nos é pintada com implacável realismo". A crítica contida nela ultrapassa as circunstâncias de um determinado governo para desnudar as bases do autoritarismo colonial, com seu sistema de privilégios e sua mão militar.

Fonte: Duda Machado.

A meu ver, ao meu ver...

Não se usa o artigo o antes de pronome possessivo nesse tipo de locução (ao meu ver). Usa-se a meu ver, assim como a meu modo, a meu bel-prazer, a meu pedido.

A meu ver o setor industrial recuperou-se.

Fonte: Leila Lauar Sarmento.

Lista das obras sugeridas - UPE 2011

1. GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas Chilenas.

2. ALENCAR, José de. Senhora.

3. ASSIS, Machado de. Dom Casmurro.

4. BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira.

5. ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética.

6. RAMOS, Graciliano. São Bernardo.

7. MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina.

8. ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias.

9. SUASSUNA, Ariano. O casamento suspeitoso.

10. RODRIGUES, Nelson. Vestido de Noiva.

Fonte: upenet.com

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Misto, mixto....

A palavra misto deve ser escrita com s (nunca com x).


Somente um misto quente não lhe bastava.

Fonte: Leila Lauar Sarmento.

terça-feira, 13 de julho de 2010

A Literatura e sua plurissignificação

     O poeta moderno Ezra Pound define literatura deste modo: “Literatura é linguagem carregada de significado. Grande literatura é simplesmente linguagem carregada de significado até o máximo grau possível”.  

     Observe os sentidos que envolvem a palavra flor nestes versos de Drummond:

          Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
          Uma flor ainda desbotada
          Ilude a polícia rompe o asfalto.
          Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
          Garanto que uma flor nasceu.

          Sua cor não se percebe.
          Suas pétalas não se abrem.
          Seu nome não está nos livros.
          É feia. Mas é realmente uma flor.

          Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
          E lentamente passo a mão nessa forma insegura.
          Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
          Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
          É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

                                                                                                                                             ‘A flor e a náusea’

     A palavra flor, empregada conotativamente, é responsável pela multiplicidade de sentidos do texto. O que ela representa? Como pode uma flor furar o asfalto? Por que, segundo o texto, ela “ilude a polícia”? Sabendo-se que o poema foi publicado em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial e durante a ditadura de Vargas no Brasil, seria um elemento que transgride a ordem estabelecida? Seria a flor a metáfora da própria poesia, a poesia de resistência política, ou a metáfora de uma revolução?

sábado, 10 de julho de 2010

Arte literária...

 O que é literatura?

     Cada tipo de arte faz uso de certos materiais. A pintura trabalha com tinta, cores e formas; a música utiliza os sons; a dança, os movimentos; a arquitetura e a escultura fazem uso de formas e volumes. E a literatura, que material utiliza? De uma forma simplificada, pode-se dizer que literatura é a arte da palavra. Carlos Drummond de Andrade diz, em um de seus poemas:

               Penetra surdamente no reino das palavras.
                    Lá estão os poemas que esperam ser escritos.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Da Vinci, Mona Lisa e a técnica da perspectiva

Mona Lisa (1503 - 1507)




Assim que o visitante adentra a sala em que está a Mona Lisa, no Museu do Louvre, em Paris, logo percebe que os olhos da personagem retratada por Da Vinci o o perseguem por toda parte. Esse fenômeno de ótica não é específico desse quadro. Com muitos outros, da época, acontece a mesma coisa. Isso só foi possível graças aos avanços que as ciências tiveram nesse período, principalmente a matemática e a geometria.


A Mona Lisa também incorpora outra conquista da pintura da época: a técnica da perspectiva. Antes do Renascimento, as pinturas não apresentavam profundidade - as figuras eram retratadas sobre planos fixos e vazios. Já no quadro de Da Vinci, ao fundo, há um cenário natural que se desdobra em vários planos, dando a noção de profundidade. A técnica da perspectiva também é resultado dos estudos de geometria da época e vem sendo utilizada até hoje na pintura.





Fonte: William Cereja e Thereza Cochar.

Um: artigo ou numeral

Um, artigo indefinido; um, numeral cardinal. O primeiro aceita a posposição de certo ou qualquer; o segundo admite a anteposição de somente ou apenas:

Achei um caderno na rua. (Isto é: um caderno qualquer.)
O aluno trouxe um caderno para todas as disciplinas. (Isto é: somente um caderno.)

Fonte: Sacconi.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Sebo Raridades

Usina 

José Lins do Rego

1ª edição

Ano: 1936

Valor: R$ 90,00

Frete incluso.

Contato: thiagoliraletras@hotmail.com

Sebo Raridades

Iracema 

José de Alencar

Introdução de Gulherme de Almeida
Ilustrações de Anita Malfatti
Ano: 1955

Valor: R$ 70,00

Frete incluso.

Contato: thiagoliraletras@hotmail.com

As pessoas do discurso

ENEM?! CONCURSO PÚBLICO?! CONFIRA!




Também chamadas de pessoas gramaticais, as pessoas do discurso são três e podem apresentar-se no singular ou no plural:

a) 1ª pessoa [aquela que fala: eu (singular), nós (plural)];

b) 2ª pessoa [aquela com quem se fala: tu (singular), vós (plural)];

c) 3ª pessoa [aquela de quem se fala: ele, ela (singular), eles, elas (plural].

Fonte: Sacconi.